domingo, 26 de agosto de 2012

A MENINA DOS OLHOS LINDOS

Eram azuis como um céu de um quente domingo. Eram normais em diâmetro, pela perfeição da natureza. Eram ainda mais absolutos que as sete maravilhas do mundo.

Toda vez que eu passava em sua rua ela me fitava, sem expressão no rosto. Porém nos olhos havia um pingo de tristeza que escorria pelo ambiente e que me enchia de ternura e de curiosidade. Ela ficava sempre ali, sozinha, na sua janela, todos os dias.

Um dia tomei coragem e parei. Perguntei seu nome, após congratulá-la. Seus lábios sorriram, mas só depois que ouvira o som da minha voz. E respondeu-me então seu nome, que era o nome mais doce que os meus ouvidos tiveram o aprazível prazer de ouvir. Sua voz era como se fosse de pelica, só que ainda mais macia. Seus cabelos lisos e ruivos contrastavam perfeitamente com sua adorável feição.

Mas algo me chamava ainda mais atenção, depois de sua beleza angelical. Era o seu olhar. Muito embora estivessem astutos, estavam vagos e sem direção. E não paravam de mover-se. Piscavam mais que o normal. Foi só então quando percebi. Lucélia não enxergava. Nos seus olhos correram um filete de lágrima, mas não antes dos meus.